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“À volta da mesa”

Maria José Araújo |

“Sopa de alho-francês”

Quando convidamos um grupo de amigos para jantar, coloca-se a incontornável questão de saber o que fazer. O que colocamos na mesa diz muito sobre quem somos, representa de alguma maneira uma parte de nós, do nosso passado e do nosso presente, que expomos e oferecemos aos outros. A partilha de uma refeição é também a partilha de memórias e, nesse sentido, uma refeição é também uma dádiva. Por esse motivo, num jantar recente que tive com uns amigos especiais, preparei o bacalhau espiritual, cuja receita aprendi com a minha tia Maria de S. José que o preparava divinamente e de cujas maneiras doces sempre me lembro com tanto carinho. E, para sobremesa, o leite creme que tantas vezes vi a minha Avó fazer pacientemente à lareira num tacho de cobre, cujos restos eram disputados depois do creme vertido nas travessas. Estes pratos fazem parte da minha cozinha dos afetos e é sempre com disfarçada emoção que aguardo o veredito dos meus convivas. Sei que para nenhum deles os pratos que preparo têm o mesmo sabor que tiveram para mim e para os que, então, se sentavam à mesma mesa. Mas acredito que que consigo transmitir todo o afeto dessas lembranças.

Se esta cozinha dos afetos se faz sentir em ocasiões especiais, ela também está presente na cozinha do quotidiano. Por isso, as minhas memórias saem do bacalhau espiritual de Algés e do leite-creme de Aguiar da Beira e vêm até ao Porto, para uma sopa de alho-francês que a minha sogra fazia regularmente e que tão boas memórias traz ao meu marido e ao meu filho sempre que a preparo.  É essa receita simples, mas também cheia de afetos, que deixo desta vez.

Sopa de alho-francês  

Ingredientes:

3 alhos-franceses; 2 batatas médias; 2 colheres de sopa de margarina; 2 l de água; sal q.b.

Preparação:

Lave muito bem os alhos-franceses e corte-os às rodelas com cerca de 1 cm. Leve ao lume com a margarina, acrescente sal e deixe estufar em lume brando, cerca de 10 minutos. Descasque as batatas e lave-as, sem as partir. Corte-as então em pequenos cubos e junte aos alhos. Misture bem e junte a água a ferver. Deixe cozer e, no final, ratifique o sal.

 

Maria José Araújo

Doutoranda em Patrimónios Alimentares: Culturas e Identidades

mariajoaraujo@gmail.com

Edição 116, 8 de fevereiro de 2020

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