Água de chafarizes e fontanários imprópria para consumo
Água da rede pública é única tratada e que pode ser utilizada para consumo humano, alerta presidente da Autarquia de Aguiar da Beira
O presidente da Câmara Municipal de Aguiar da Beira afirmou na passada Assembleia Municipal, de 30 de setembro, que “a água de chafariz ou de fonte nas freguesias do concelho não é própria para consumo”.
“Não é possível garantir a qualidade dessa água”, vincou Virgílio Cunha, alertando que “embora algumas análises possam indicar que a água é potável em um momento, isso pode mudar rapidamente, tornando-a imprópria para consumo em pouco tempo”.
Já há largos anos que o município tomou a medida de colocar nos chafarizes e fontanários do concelho uma placa a informar “água não controlada”. Mais recentemente, na emblemática fonte do centro da vila (no Largo da Carvalha/Av. da Liberdade) essa placa foi substituída por outra a referir “água imprópria para consumo”.
De acordo com alguns populares, a água daquele fontanário – que sempre foi de referência – passou a apresentar mau cheiro e até dejetos do esgoto.
Na reunião, o autarca enfatizou que “a única água que é tratada e que pode ser utilizada para consumo humano é a água da rede pública”, assegurando que “a água da rede pública está em condições adequadas, com análises realizadas regularmente, incluindo muitas que não são obrigatórias, por precaução”.
Virgílio Cunha esclareceu também que “nenhum sistema de saneamento está a poluir as nascentes controladas, tranquilizando os munícipes sobre a qualidade da água que recebem nas torneiras das suas casas” e referindo que o consumo de água de fontes onde conste a placa “imprópria para consumo” “é da responsabilidade de cada um”.
A qualidade da água foi tema no ponto outros assuntos da assembleia municipal, puxado pelos deputados da oposição em referência à notícia da edição passada do jornal +Aguiar da Beira acerca do vazamento de efluentes das condutas de saneamento da vila e consequente esgoto a céu aberto provocarem mau cheiro e ameaçarem as captações de água, causando incómodo à população e riscos para a saúde pública.
98,11% da água disponibilizada no concelho é segura
Segundo o último Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal (RASARP), que sintetiza a informação mais relevante referente à caraterização do setor no ano de 2022, divulgado, em meados de fevereiro passado, pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), a água que chega pela rede pública às torneiras das casas dos aguiarenses é de qualidade elevada.
No ano passado, o Município de Aguiar da Beira apresentou uma percentagem de água segura de 98,11%, menos 0,73% que em 2021. A média da percentagem de água segura em Portugal continental foi, em 2022, de 98,88%.
O RASARP mostra também que a qualidade da água no concelho tem-se mantido num nível elevado, com mais de 93% da água fornecida considerada segura ao longo da última década. Esse indicador é visto como positivo e consistente, refletindo padrões de qualidade elevados.
O município continua a oferecer água segura e de boa qualidade aos seus habitantes, mesmo com alguns desafios relacionados com as infraestruturas e perdas de água, que já têm alguns anos.
Em 2022, Aguiar da Beira voltou a registar uma percentagem elevada de perdas de água, com cerca de 65,2% da água fornecida não faturada (em 2020 era de 62,6%, não havendo dados de 2021), de acordo com o mesmo estudo. Isto corresponde a sensivelmente 359 mil metros cúbicos por ano, ou seja, 359 milhões de litros por ano de água não faturada.
A segunda maior percentagem do distrito da Guarda, que tem uma variação entre 70,2% no Concelho do Sabugal e 19,5% no de Trancoso, e a mais elevada da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões (CIMVDL), que se situa entre 65,2% em Aguiar da Beira e os 16,2% em Tondela. Castro Daire, Vila Nova de Paiva e Vouzela não divulgaram os valores.
Essa água não faturada inclui tanto perdas físicas (como fugas ou desvios nas redes) quanto perdas comerciais (erros de medição e faturação), refletindo um problema generalizado de ineficiência no setor de distribuição de água em Portugal, derivado de redes envelhecidas que necessitam de investimentos significativos para a reabilitação.
A autarquia aguiarense tem vindo a investir na reabilitação de condutas, tendo no ano em análise apresentado o valor de 1%, o mais elevado dos concelhos do distrito e da CIMVDL, no sentido de diminuir o problema, sendo que os resultados só poderão ser observados no relatório de 2025.
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