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“Juntos vamos vencer esta batalha”

Em entrevista ao nosso jornal (publicada na edição impressa de 11 de abril último), Joaquim Bonifácio, presidente do Município de Aguiar da Beira, aborda a situação e explica o que tem sido feito no concelho para travar a propagação do novo coronavírus, estando confiante que “juntos vamos vencer esta batalha”, mas sendo necessário “mantermo-nos firmes na responsabilidade” e “unidos enquanto aguiarenses e enquanto portugueses”.

+Aguiar da Beira (+) Como é que o presidente analisa toda esta situação?

Joaquim Bonifácio (J.B.) A rápida atuação do executivo na determinação das estratégias municipais para conter a pandemia covid-19, nomeadamente com a elaboração e aprovação do Plano de Contingência Municipal e a consequente adoção das medidas ali protagonizadas para as diferentes fases das operações definidas, poderá ter contribuído para a contenção e inexistência de casos positivos de infeção no concelho.

(+) O que é que o município de Aguiar da Beira está a fazer para conter a pandemia covid-19 e que medidas tomará para recuperar o concelho do impacto desta crise?

J.B. Para conter a pandemia efetuaram-se diversos ajustes ao funcionamento dos serviços municipais em consonância com as orientações definidas no Estado de Emergência Nacional. Estas medidas, implicaram a rotatividade do trabalho dos funcionários municipais por turnos, a adoção de teletrabalho e, sobretudo, a readequação do atendimento municipal, constrangendo ao máximo o atendimento presencial, optando-se por formas alternativas. Também, neste contexto de diminuição da necessidade de interação com os serviços municipais, foi determinado adiamento da cobrança das taxas devidas, até ao final do estado de emergência e controlo da pandemia, nomeadamente as relativas ao abastecimento de água e saneamento públicos.

Para garantir a segurança dos espaços públicos foi definida, em conjunto com as juntas de freguesia, um programa de desinfeção dos arruamentos e vias públicas bastante intenso, com o qual se pretende garantir a segurança das populações.

Para além destas medidas foi definida uma Rede de Apoio Local (RAL), que visa prestar apoio aos cidadãos que demonstrem dificuldades de obtenção de produtos de primeira necessidade. Esta rede trabalha com a parceria de diversas instituições e de uma academia de voluntários (nesta altura integrando cerca de 70 voluntários).

Foram ainda concretizadas diversas iniciativas de divulgação das medidas protagonizadas pela administração central e pela Direção-Geral da Saúde para o controlo da pandemia, incluindo a divulgação através de avisos sonoros em viatura que percorrerá todo o concelho.

Em termos de apoio às atividades económicas instaladas no concelho, o município garante a prestação de todos os esclarecimentos relativos às medidas de apoio no âmbito da pandemia disponibilizadas pelo governo, através do serviço de Apoio Municipal de Desenvolvimento Económico (AMDE) e dos técnicos dedicados a esses assuntos que estão a colaborar com a RAL.

(+) Os lares de idosos são, atualmente, uma das grandes preocupações, pois é onde está uma grande parte do grupo de risco. Nas últimas semanas, temos assistido, a nível nacional e regional, à propagação deste vírus pelos clientes e profissionais dessas instituições. O nosso concelho dispõe de um grande número de estruturas e de pessoas instaladas nessas residências.

Como estão as instituições a lidar com o momento? Quais são as necessidades que apresentam? Que apoios o município está a dispor? O governo disse que ia fazer testes a todos os lares, mas até agora ainda nenhum do nosso concelho foi contactado para o efeito. A autarquia não equaciona realizar testes a esses profissionais e clientes, e até alargar a outros públicos de risco?

J.B. Temos estado a falar constantemente com as instituições, elas têm planos de contingência em vigor, e isso é uma mais valia. As necessidades reportadas nesta altura são, sobretudo, a falta de EPI (Equipamento de Proteção Individual). Estamos a tentar ajudar, sabendo que é difícil adquirir os mesmos nesta altura. Segundo a CDPC (Comissão Distrital de Proteção Civil), deveremos ser contactados, em breve, para garantir a realização dos tão necessários testes de despiste nestas instituições, sendo a expectativa de que os mesmos sejam efetuados a muito breve prazo.

(+) Estamos na Páscoa, a situação não permite celebrações. Teme que as pessoas “furem” o isolamento e se juntem em família, podendo essa atitude provocar um foco de propagação do coronavírus no concelho?

J.B. Confiamos no sentido de responsabilidade das nossas gentes.

(+) O que é que está a ser feito a nível distrital e da comunidade intermunicipal para combater a propagação do vírus?

J.B. Foi decidido prolongar o plano de emergência distrital até 30 abril e a Comunidade Intermunicipal de Viseu Dão Lafões está a efetuar contactos com as autoridades competentes, nomeadamente com as da saúde, de modo a garantir a celeridade das respostas a toda e qualquer questão que surja em qualquer um dos concelhos da região, estando ainda a efetuar sondagens de mercado junto das empresas para que seja possível garantir o fornecimento com alguma continuidade de equipamentos de proteção individual.

 (+) E o que pensa da estratégia e das medidas que têm sido tomadas pelo governo para travar o contágio da pandemia e reduzir o impacto desta na vida futura dos portugueses?

J.B. O governo nacional tem vindo a definir e a implementar as medidas de combate à propagação do vírus, tendo colaborado ativamente na definição do estado de emergência que vivemos e que permite ao estado determinar e fazer cumprir as atuações sociais necessárias para conter a pandemia. Sendo certo que, a novidade do contexto e do impacto desta situação, em termos do garante da saúde pública, determina uma estratégia que implica constantes ajustes e a adoção periódica de novas medidas. O governo vem implementando, genericamente, uma atuação que é internacionalmente considerada como positiva.

No entanto, a adoção das medidas de contenção têm tido um fortíssimo impacto na economia, enormes constrangimentos aos negócios e ao normal funcionamento do contexto socioeconómico.  Sendo a economia nacional e, sobretudo, a economia do concelho de Aguiar da Beira muito baseadas em médias, pequenas e microempresas, cuja dimensão e capacidade de responder a estes tempos de emergência é muito menor, os apoios financeiros nacionais e comunitários tornam-se imprescindíveis para garantir que todo o contexto económico não colapse. Analisadas, considera-se que as medidas anunciadas pelo governo ficam ainda aquém das necessidades, verificando-se que a sua implementação e disponibilização tardam a ser efetivas. Estando os empresários, sobretudo, os pequenos empresários numa situação de dificuldade já desesperante, será fundamental que o governo defina um claro quadro de apoio generalizado à economia, sobretudo, aos pequenos empresários.

(+) Que reflexão faz sobre esta pandemia e que mensagem deixa aos aguiarenses, residentes e não residentes?

J.B. Vivemos tempos difíceis. A pandemia causada pelo novo coronavírus colocou-nos numa situação muito preocupante em relação ao futuro imediato. Partilhamos esta preocupação com todos os povos do mundo, uma vez que a covid-19 já alastrou a todo o planeta e vai fazer uma grande quantidade de vítimas, sobretudo entre as pessoas mais fragilizadas em termos de saúde.

A gravidade da situação obrigou os nossos governantes, Presidente da República, Governo e Assembleia da República, a decretarem o Estado de Emergência no nosso país. Foi uma decisão ponderada, que temos de saber respeitar e cumprir com o máximo de responsabilidade. É certo que, em pouco tempo, nos vimos obrigados a mudar muita da nossa forma de viver. Possivelmente, não estávamos preparados para alterar hábitos, atividades e formas de conviver, de uma maneira tão radical. Mas temos que aprender a viver com as limitações a que uma pandemia, com estas características, nos obriga, sob pena de a mesma se prolongar e tornar ainda mais graves as consequências que certamente trará a nível sanitário, económico e social.

No entanto, temos de estar conscientes de que a normalidade voltará tanto mais depressa quanto mais nós formos capazes de respeitar as orientações das autoridades políticas, de saúde e da proteção civil. O confinamento às nossas residências e o distanciamento social, associados às regras de higiene, por todos conhecidas, são essenciais para que possamos, o mais depressa possível, voltar à normalidade das nossas vidas.

Enquanto responsável máximo pela Proteção Civil no nosso concelho, a qual inclui representantes dos Bombeiros Voluntários, GNR, Saúde, Segurança Social e Juntas de Freguesia, quero dizer-vos que estamos atentos a todos os desenvolvimentos, em diálogo constante com os Lares, Centros de Dia, Presidentes de Junta e população em geral, e preparados para darmos as respostas necessárias e possíveis, tanto a nível coletivo como individual. Ninguém ficará para trás, pois esta luta é de todos e tem de ser travada por todos em unidade.

Juntos, vamos vencer esta batalha, mesmo que seja uma das mais difíceis que temos de ultrapassar nas nossas vidas. E vamos consegui-lo, com toda a certeza. Envio a todos um abraço à distância, na certeza de que, muito em breve, poderemos celebrar com um abraço real. Mas enquanto isso não for possível, mantenhamo-nos firmes na responsabilidade de combater esta doença e unidos enquanto aguiarenses e enquanto portugueses.

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