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Onde está o inverno?

Cristóvão Oliveira | Professor e Apicultor |
“Onde está o inverno?”

Não é meu hábito continuar a partir da crónica anterior, mas pensando sobre ir para a Austrália, mesmo com o trabalho que daria, acho que é de evitar.

Aproveito para que todos façamos uma reflexão sobre o estado do planeta, e de certa forma o que está a acontecer e está para acontecer. As nossas abelhas são uma prova do facto, independente de Trumps e Putins dizerem o contrário. Coragem e força ao povo australiano.

Voltando ao assunto que nos traz por cá. Estamos afinal numa fase sensível do ano, o Inverno. No entanto, onde está ele afinal? Em termos apícolas ele está meio escondido. Não é bom agouro.

No Inverno não costuma ser assim, mas este ano têm estado as condições assombrosamente positivas para o desenvolvimento dos enxames. Aparentemente, pois não há flores, mas as temperaturas dizem outra coisa. Onde está o frio? Temos de compreender, no entanto, que algures num futuro próximo, daqui possivelmente 3 a 5 semanas, o que chamamos Carnaval por cá (os 40 dias depois), haverá uma mudança drástica na vida dos nossos enxames/colmeias que são extraordinariamente importantes para o que será o nosso ano apícola.

Nessa fase, que refiro, o enxame terá praticamente todo o ninho forrado de criação, pois tem estado bom, e apesar de pouca flora, já há muito saramago por aí… Nas pequenas horas destes dias, vejo obreiras a trabalhar em pleno das pradarias de saramagos. Um problema surge na pilhagem, mas esta é outra questão.

Neste momento um bom enxame pode fazer 14 quadros reversíveis de criação em ninho e sobreninho.

A fase daqui 40 dias é usualmente acompanhada de uma vaga de frio Ártico. Essa fase começa daqui 40 dias e pode durar até um mês. Ou acontecer o que já aconteceu que é chuva ininterrupta em plena floração com os dias já a crescerem. Lembram-se dos 14 quadros? Já não estarão iguais, porque toda a gente nasceu, entretanto.

O que seria um início de ano positivo, pode de um momento para o outro passar a ser enxames em fome crónica e muita criação morta por frio. Humidade, bolores, e doenças que levam a mortes dos tais enxames/colmeias que seriam o benefício do ano.

Neste âmbito, estar atento às previsões climatéricas e garantir que temos em casa alimento para cada caixa que possuímos é sinónimo de prudência.

Este ano optei por subalimentar em vez de sobrealimentar durante o inverno. Enxames enfraquecidos, ficam mais pequenos e resistirão mais facilmente à vaga de frio ou de chuva, porque ela virá, disso não haja dúvida.

Onde está o inverno? Para já não está. Como diz o ditado adaptado, “O inverno, pode tardar, mas não falha…”

 

Cristóvão Oliveira

apibeiras@gmail.com

Edição 115, 11 de janeiro de 2020

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