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Paulo Silva: “Informar as pessoas e ajudar a economia local”

É essa a principal razão da criação da plataforma online “Covid-19 o que está aberto?”. Um projeto que surgiu pelas mãos de dois alunos da área da Engenharia Informática da Universidade da Beira Interior (UBI), para informar quais os estabelecimentos que estão em funcionamento durante o estado de emergência nacional e nesta fase da pandemia.

O aguiarense Paulo Silva, natural de Dornelas, é um dos criadores (a par de Igor Matias), e explica-nos como nasceu e se desenvolveu a ideia, que “irá continuar disponível até que seja viável”. O jovem de 30 anos, que desde 2017 está a dar aulas de informática na Guiné Bissau, no projeto “Querer e Fazer” (assim como o seu colega), confessa que “inicialmente não tínhamos noção que a nossa solução atingisse a dimensão que tem neste momento”, que conta com mais de 700 estabelecimentos a nível nacional e mais de 60 mil visitas.

+Aguiar da Beira (+) Em que consiste a ideia/projeto?

Paulo Silva (P.S.) A plataforma “Covid-19 o que está aberto?” é um site interativo onde através de um mapa os utilizadores podem consultar os estabelecimentos que se encontram abertos durante a pandemia. A solução é baseada numa plataforma de criação de sites online que nos permitiu colocar a ideia disponível em escassos minutos. Neste momento temos uma página no Facebook e no Instagram onde divulgamos as novas funcionalidades da nossa plataforma.

(+) Como funciona e que problemas vem resolver?

P.S. Ao acederem à plataforma os utilizadores devem ativar a sua geolocalização de forma a permitir que o mapa apresentado seja o mais próximo do local onde se encontra. É possível pesquisar por morada ou definir um raio de visualização que vai de 1 a 300 quilómetros. Podendo ainda, através de vários filtros, selecionar o tipo de estabelecimento como restaurante, padaria, talho, farmácia e se faz entregas ao domicílio ou take-away.

Com o início do estado de emergência muitos estabelecimentos encerraram ou viram os seus horários reduzidos. Desta forma, a população deixou de saber o que estava aberto ou o seu horário de funcionamento e esta plataforma vem ajudar a informar a população, de quais os estabelecimentos comerciais que se encontram em funcionamento e em que condições, e a economia local.

(+) Desde quando é que essa plataforma online se encontra ativa, como surgiu e foi desenvolvida a ideia?

P.S. A ideia surgiu de um contacto, que partiu de uma equipa do FabLab do Fundão, em que nos foi proposta desenhar uma solução onde fosse apresentada, em listagem simples, a informação relativa aos estabelecimentos locais (concelho) que se encontravam abertos de momento. De bom grado e gratuitamente, eu e o meu colega Igor Matias desenhámos a solução, que ficou disponível na internet passados cerca de 30 minutos, e que contou com uma versão local exclusiva ao concelho do Fundão e uma outra inicialmente desenhada para a região da Cova da Beira. A plataforma, na sua versão inicial, foi lançada a 24 de março apenas para a região da Cova da Beira (Fundão, Covilhã e Belmonte). De momento, o projeto conta com três pessoas: eu e o Igor, que estamos responsáveis pelo projeto, e outra pessoa responsável pela comunicação e redes sociais.

(+) Mas, como conseguem apurar a veracidade da informação, uma vez que qualquer um pode adicionar um espaço ao mapa?

P.S. A plataforma tem a possibilidade de qualquer pessoa reportar um estabelecimento aberto através de um formulário e pode pedir para atualizar a informação de um determinado estabelecimento que já se encontre no mapa. Inicialmente, ligamos para os estabelecimentos da região da Cova da Beira a questionar o horário de funcionamento, bem como os contactos e se faziam take-away ou entregas ao domicílio. Ao mesmo tempo, a Câmara Municipal do Fundão fez um levantamento de informação sobre os estabelecimentos do seu concelho, que foi sendo inserida na plataforma. Com a divulgação da nossa plataforma nas redes sociais começaram a ser inseridos dados dos concelhos de Castelo Branco e da Guarda, passando assim a abranger a Beira Interior. De forma a podermos ter mais informação, começamos a trabalhar com as associações empresariais do Fundão, Belmonte, Covilhã e Penamacor e ainda com um no Facebook da Guarda (Grupo de Emergência – Guarda), com partilha de cerca de 100 estabelecimentos comercias. Também, com a divulgação da plataforma em vários meios de comunicação social locais e várias partilhas nas redes sociais, os dados foram chegando de vários pontos do país. Os dados são validados por nós e depois introduzidos na plataforma.

(+) Começou por ser um projeto apenas para a Beira Interior e evoluiu para todo o território nacional. Em que estado se encontra e qual tem sido o feedback?

P.S. Com a divulgação e com a chegada de estabelecimentos de vários pontos do país decidimos aumentar para nível nacional. Neste momento, contamos com mais 700 estabelecimentos inseridos e com mais de 60 mil visitas, desde o dia 24 de março. O feedback é refletido nos acessos diários que temos, pela continuação de inserção de novos estabelecimentos e pelo pedido de atualização dos que já se encontram no mapa.

(+) Esse projeto é exclusivamente para o período especial que vivemos, ou a intenção é que possa continuar a ser desenvolvido passadas as restrições provocadas pela pandemia?

P.S. O projeto é temporário, mas irá continuar disponível até que seja viável. Surgiu apenas para colmatar a necessidade de informar as pessoas e ajudar a economia local. Desde que foi lançado não me lembro de um dia em que não tenhamos feito alterações. Temos vindo a ajustar a plataforma consoante as necessidades. Com a passagem de estado de emergência para estado de calamidade haverá a abertura de novos estabelecimentos, mas que não se traduz numa abertura normal dos mesmos. De forma a inserir estes novos estabelecimentos já temos disponível novas categorias na plataforma como por exemplo cabeleireiros. É impossível sabermos em tempo real os horários dos estabelecimentos que se encontram abertos durante a pandemia, mesmo com mais parceiros a fornecer dados. A melhor forma é partilhar a plataforma para que possa chegar a mais pessoas e assim podermos ter mais utilizadores ou comerciantes a reportar os estabelecimentos abertos.

                (+) Qual é o modelo de negócio deste projeto?

P.S. A plataforma é gratuita, quer no acesso, quer na introdução de novos estabelecimentos. Chegámos a ter estabelecimentos a questionar quanto se pagava para serem incluídos na plataforma. Todo o investimento feito até agora foi pessoal. Tanto nas horas que dedicamos ao manter a solução online, como no investimento financeiro para aquisição de recursos. Até ao momento, o apoio que tivemos foi o envio de dados.

(+) E a tecnologia que utilizam permite-vos que possam expandir o raio de influência, por exemplo, tornar a plataforma disponível a nível mundial?

P.S. Sim, permite. É sempre necessário melhorar alguma coisa, como por exemplo: as características do servidor e a contratação de meios humanos. A solução é algo muito simples de implementar. Da forma que temos a ideia implementada torna-se muito fácil expandir e assim aumentar consoante as necessidades.

(+) Que balanço faz e quais as expectativas futuras?

P.S. Inicialmente não tínhamos noção que a nossa solução atingisse a dimensão que tem neste momento. Se chegamos a este estado é porque a plataforma é necessária e por isso fazemos questão de a manter até que seja prescindível. Sabemos que estamos a ajudar tanto os produtores locais, como os restaurantes, farmácias, frutarias, talhos, clínicas, como as pessoas que estão em casa. Assim, se estamos a ajudar e a fazer mais e melhor, ficamos felizes por isso. O exemplo disso é o reconhecimento que temos tido. Recentemente o nosso projeto foi divulgado na revista mais importante e prestigiada do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE – https://www.ieee.org/), a IEEE Spectrum. O IEEE é a maior associação profissional, em todo o mundo, dedicada ao avanço da tecnologia em prol da humanidade, que possui mais de 400 mil membros de mais de 160 países. Em vários jornais, rádios e pela Universidade da Beira Interior.

 

Covid-19 o que está aberto? – www.covid19.starje.pt

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