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Problemas com água em Forninhos marcam Assembleia Municipal

Falta de água na localidade acontece há anos e autarquia está a tentar resolver a situação

A última sessão da Assembleia Municipal de Aguiar da Beira (AMAB), a 30 de setembro passado, começou com a habitual leitura e aprovação da ata anterior, e com o presidente da autarquia a recordar algumas medidas dos últimos meses e os feitos do primeiro ano de mandato (que se assinalou no no dia 16 de outubro), mas foi a “falta” de água em Forninhos que agitou o plenário.

Ricardo Guerra denunciou que “a água não chega à torneira das casas dos habitantes da localidade, que estiveram desde junho limitados no acesso às condições básicas de vida. Como é que é possível este problema arrastar-se tanto tempo? Este não é um problema da escassez no verão, há outros problemas e têm de ser identificados. Há falta de água ou não? Ou se faz outra captação, ou se dá as mesmas condições das outras freguesias, ligando ao fornecimento de água da Barragem da Fumadinha”, exigiu o deputado da oposição, eleito pelo Partido Social Democrata (PSD), tendo-se juntado às críticas, a presidente da junta de freguesia, Neves Rodrigues.

Segundo o presidente da câmara municipal, “o problema da falta de água em Forninhos não é novo”, referindo que “há coisas estranhas”, evidenciando com um exemplo: “os bombeiros chegaram a colocar lá depósitos de água de 10 e 20 mil litros e ao fim de meia hora não ter um litro de água. Há muita gente em Forninhos que tem resposta para isso e que sabe onde está o problema, mas depois não o dizem”.

Contudo, Virgílio Cunha garantiu que o executivo está empenhado em resolver o problema que se arrasta há anos. “Tivemos há dias a licença da APA – Agência Portuguesa do Ambiente – para abrir dois furos para captar mais água e estivemos reunidos com as Águas do Vale do Tejo a tentar resolver esse aspeto, de poder fornecer água a Forninhos através da Barragem da Fumadinha, indo de Pena Verde ou indo da parte de Dornelas. Esta empresa ficou de estudar a forma, mais económica e com melhores resultados para este assunto que muito nos preocupa”. E vincou que o executivo tratará sempre todas as freguesias de igual forma, em resposta ao deputado social democrata que colocou a possibilidade de se tratar de uma questão política.

O município tem um mapa de ruturas e, de acordo com o vereador e responsável pela área, “Forninhos não teve grandes ruturas, teve sim algumas situações que tecnicamente não tiveram e ainda não têm resposta, andamos a trabalhar nisso e a tentar saber para onde ia a água”, mas que “com a ajuda de detetores de fugas de água já conseguimos identificar alguns pontos”. Francisco Fernandes refutou as críticas apontadas à câmara, de falta de planeamento na gestão da água. “Tivemos essa preocupação e trabalhámos para que não faltasse água. Não foi por não haver acompanhamento”, e apresentou o mapa de abastecimento de água à localidade através dos bombeiros, totalizando 325 mil litros em agosto. “Se isto não é preocupação com a situação… não deixámos Forninhos ao abandono e fizemos um trabalho para não faltar água à população”, sublinhou o vice-presidente, acrescentando que “há de facto um problema e temos que o descobrir. A situação é estranha, pois desde que começou a chover não voltaram a haver problemas de falta de água na aldeia, e as captações são as mesmas. Claro, isto faz-nos pensar”.

No plenário foram, ainda, assuntos de análise, discussão e deliberação: a proposta da 3ª revisão orçamental para o ano de 2022; as contas semestrais do mesmo ano; o Plano Municipal para a Igualdade de Género e Não Discriminação; e a criação de dois grupos de trabalho no âmbito de sessões temáticas para crianças e seniores; todas viabilizadas pela maioria dos deputados.

 

AMAB quer envolver pessoas, começando pelas crianças e seniores

A criação de dois grupos de trabalho no âmbito de sessões de assembleia temáticas para crianças e seniores, proposta que vai de encontro ao programa eleitoral do Movimento Independente (MI), foi o assunto mais consensual da última reunião, sendo aprovada por unanimidade.

Foram aprovados os grupos de trabalho para as sessões temáticas com os seniores, constituídos por Ruben Amorim (MI), Joaquim Lopes (MI) e Pedro Gonçalves (PSD), e para as sessões temáticas com as crianças do jardim de infância e 1º ciclo, composto por Maria Carlos (MI), António Ferreira (MI) e Ricardo Guerra (PSD).

“A AMAB pretende envolver as pessoas do concelho, e pensou-se em criar duas equipas para estudarem e se preocuparem com dois assuntos que são extremamente importantes para o nosso concelho: as crianças e os seniores, indo de encontro a um dos compromissos desta assembleia, que é envolver a comunidade no poder local”, referiu o presidente do órgão deliberativo.

José Tavares explicou que “a ideia é criarmos grupos de trabalho, constituídos por dois elementos do Movimento Independente e um do PSD, que através de sessões descentralizadas e de uma metodologia potencie estes segmentos da população para que se manifestem e envolvam, acerca das suas preocupações para o concelho, entre outras sugestões”.

 

Presidente do município recorda algumas medidas e feitos do primeiro ano de mandato e oposição aponta o “dedo”

O presidente da câmara foi o primeiro a usar da palavra no último plenário da AMAB, aproveitando para recordar algumas medidas dos últimos meses e os feitos do primeiro ano de mandato.

Virgílio Cunha começou por enaltecer o envolvimento das freguesias, dos funcionários municipais e da população na realização do Campeonato do Mundo de Juniores de Orientação (JWOC), em julho passado, fazendo um “balanço francamente positivo” do evento. A esse nível destacou “a cerimónia de abertura testemunhada por centenas de pessoas” e a “ocupação das unidades de alojamento locais e periféricas lotadas”, pedindo a todos “o mesmo envolvimento para o encerramento do campeonato”, que se realiza no primeiro fim de semana de novembro, com as provas de floresta.

O edil do município realçou também a participação e o “sucesso” da “renovada” Feira das Atividades Económicas; a abertura do novo ano letivo com normalidade, realçando a grande operação logística para garantir transporte gratuito a todos os alunos que prefiram estudar no concelho e sublinhando o grande contributo da escola e dos funcionários (que agora integram os quadros do município). Igualmente no âmbito da educação, o autarca expôs nova visão do que são as Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC’s), salientando a diversificação que foi feita, desde a expressão musical, à informática, às artes, ao ioga e à natação. Atividades que o deputado do PSD, José Gabriel Pires, observou que devem ter um caráter mais formativo e informativo, alertando para problemas do passado em que “as crianças passavam o tempo apenas a jogar computador” e sugerindo a inclusão da modalidade de orientação.

Virgílio Cunha salientou ainda o grande esforço que o executivo fez para controlar o uso da água neste verão, de modo a que o abastecimento à população não falhasse, e o trabalho que continua a fazer para evitar o seu uso indevido e ruturas nas canalizações; o desenvolvimento do protocolo de cooperação com Blanc-Mesnil na promoção dos produtos do concelho, particularmente os contactos encetados entre alguns empresários para colocar produtos aguiarenses naquela região; e a importância das pessoas fazerem o registo dos prédios no BUPi, serviço que, por enquanto, é gratuito.

A exposição do presidente do município, que vai fazer um ano que lidera a câmara, foi considerada “insuficiente” para Pedro Gonçalves, que mencionou também que a informação da autarquia prestada aos deputados da assembleia foi “escassa e vaga”. “Não é suficiente referir, nas suas intervenções, apenas o que correu bem. Importa referir o que faltou fazer e o que correu menos bem. Continua a faltar informação e dados acerca dos diversos gabinetes municipais (Apoio ao Agricultor; AMDE; Gabinete do Emigrante). Importa ter dados e estatísticas para sabermos o que está a ser feito, para saber a evolução do concelho, assim como da sua economia”, disse o deputado social democrata, que solicitou ainda dados concretos das “várias famílias e jovens que se têm fixado no concelho” – reportando a uma entrevista do presidente ao Diário de Viseu – e criticou o facto de nada ter sido feito no sentido de se avançar com o orçamento participativo.

 

Caldas da Cavaca “voltam à baila”

O tema foi trazido à sessão da AMAB por José Gabriel Pires, deputado do PSD, perguntando ao presidente do município de Aguiar da Beira “o que é que podemos esperar das Caldas da Cavaca?”. “Era suposto serem um ex-líbris do nosso concelho, em termos de atração turística termal, que existe por toda a região centro, e neste momento continuamos a ver degradação, vemos inclusivamente destruição do património que existe, vemos obras que não avançam. Afinal o que é que podemos esperar deste empreendimento?”, voltou a questionar, apontando que “se calhar, neste momento, deixou de ser uma opção e uma prioridade para o município”.

Virgílio Cunha respondeu, relembrando que “quando foi feito o contrato de alienação do património, deviam ter ficado salvaguardadas cláusulas com obrigações para ambos os lados. Temos a ajuda do tribunal – só nós com o promotor não conseguiríamos – para nos ajudar a resolver situações”, admitindo que podem vir a ser preciso cedências. “É de estatuto de propriedade privada e estamos de mãos e pés atados”, declarou.

O assunto já tinha sido discutido na reunião de câmara de 10 de agosto último, com o vereador do PSD, Fernando Pires, a sugerir que se feche o acesso às Calvas da Cavaca, “uma vez que não teremos espaço termal a funcionar, não vê vontade política em resolver o problema e, dado o estado do edificado, poderemos evitar situações que não são desejadas”, disse. Intervenção que levou o edil da autarquia a mencionar que “as Caldas da Cavaca são propriedade privada e que com menos de um ano de mandato não será questionável a vontade política do executivo. No entanto, se algo não foi feito até então, cada um deve assumir as suas responsabilidades, no período em que as tinham”, respondeu, aludindo ao tempo em que o espaço foi privatizado e em que Fernando Pires era vereador em regime de permanência na câmara.

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