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Combater desigualdade de género e violência

CLDS 4G Aguiar no Coração promoveu ações de sensibilização em torno de problemáticas para alunos do 9º ano e secundário

Suzete é uma mulher como tantas outras, que trabalha, tem família e tem sonhos. É uma mulher da limpeza, com o sonho de ser cantora. “Suzete faz frete” é o nome da história de uma mulher de limpeza que carrega tanta tristeza e desabafou os seus problemas com os alunos do 9º e 10º anos do Agrupamento de Escolas de Aguiar da Beira, envolvendo-os na sua história, “na esperança de encontrar uma solução para uma relação onde não está feliz e onde nunca teve espaço para ser quem verdadeiramente é”.

De uma forma divertida e interativa, utilizando técnicas como o “clown” (palhaço) e psicologia positiva, esta personagem cómica criou uma ligação com o público, que se reviu nela ou sentiu compaixão por si, conduzindo a uma reflexão, diálogo e partilha sobre assuntos muitas vezes tabu, abordados com naturalidade.

Esta sessão artística, promovida pelo CLDS 4G Aguiar no Coração através da Associação Tocar n’ Alma, no passado dia 30 de janeiro, no Centro Cultural de Aguiar da Beira, desconstruiu crenças e capacitou os participantes em temas como a igualdade de género e o papel da mulher na família e no trabalho, discriminação e preconceito, violência de género, amor e afeto, inteligência emocional e comunicação assertiva.

O projeto de desenvolvimento social de Aguiar da Beira, coordenado pelo Centro Social Paroquial de Dornelas – em parceria com a mesma associação, com a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) e o Município de Aguiar da Beira -, dinamizou ainda, no dia seguinte (31), desta vez para os estudantes do 11º e 12º anos e comunidade em geral, uma sessão sobre violência doméstica e no namoro.

“Recuso ser vítima” – teatro fórum e debate, momento de “clown”, música e história pessoal – aborda a problemática de uma forma ativa e positiva, fazendo perceber que “podemos agir e é possível mudar a nossa vida e o que nos rodeia, rejeitando a atitude de vitimização que fez perpetuar histórias e padrões e acreditar que é uma fatalidade e nada pode ser feito”.

Através de recursos artísticos e da história na primeira pessoa, Sílvia Abreu, que é também a presidente Associação Tocar n’Alma, levou à comunidade um despertar de consciência, que foi além desta temática.

“Pretendeu-se criar um espaço de reflexão, interação e de ver representadas e debatidas as histórias da plateia, depois de ouvirem a minha história. Foi um momento impactante, divertido e inspirador, onde se passou ainda a mensagem de que todos os sonhos são possíveis, que cada um pode criar a sua realidade e um mundo melhor. E finalmente que só o amor e compaixão são a solução”, referiu.

Tanto a violência doméstica e no namoro como a desigualdade de género são duas das maiores problemáticas atuais da sociedade.

Portugal ocupa o 15º lugar no ranking do “Gender Equality Index 2022” do EIGE (Instituto Europeu da Igualdade de Género), com 62,8 pontos em 100. Apesar do lugar no ranking se manter, houve um aumento de 0,6 pontos percentuais em relação ao Index 2021.

No país, as ocorrências por violência doméstica a aumentaram 14% em 2022, com a Polícia de Segurança Pública (PSP) e a Guarda Nacional Republicana (GNR) a contabilizarem 30.389 ocorrências no ano passado, o valor mais elevado dos últimos quatro anos, e foram registadas 28 vítimas mortais, segundo o portal da violência doméstica.

No ano anterior, a PSP recebeu também 2.019 denúncias por violência no namoro. O número revelado pelo jornal Expresso dá conta de uma diminuição das queixas apresentadas, quer comparativamente a 2020 (2.051) e 2021 (2.215), quer também relativamente aos anos pré-pandemia (2.185 queixas em 2019). É preciso recuar a 2018 para encontrar um número mais baixo (1920). Mas, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) deixa o alerta: menos denúncias não significa menos crime.

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